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Construção da casa própria requer atenção com projetos de instalações

A elaboração de projetos hidrossanitários e elétricos minimiza riscos de prejuízos e acidentes na propriedade após as obras




Data da Publicação da Coluna : 18/05/2023 por Luiz Affonso Mehl


A casa própria ainda é o sonho de muitas pessoas. Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha e encomendada pelo site QuintoAndar em 2022, 57% dos brasileiros desejam comprar um imóvel para iniciar uma nova vida. Mas com a chegada de um grande sonho, também chegam algumas responsabilidades, principalmente quando se trata da construção de uma casa. 

Começar um imóvel do zero oferece ao proprietário a possibilidade de imprimir sua personalidade no espaço, mas também apresenta algumas etapas essenciais para a qualidade de vida e a segurança no local. Após a escolha do terreno, é dada a largada do desenvolvimento de projetos das instalações hidráulica, de esgoto e elétrica.

A realização correta dessa etapa garante ao proprietário um imóvel que supra todas as necessidades, sem apresentar riscos ou prejuízos futuros. Um projeto mal elaborado pode ocasionar aumento nas contas de água e luz ou ainda infiltrações na rede sanitária, demandando posteriormente os serviços de uma desentupidora

Segundo a engenheira civil formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcella Ribeiro, um projeto de instalações começa com análise do terreno, seguida pela verificação de normas e legislações municipais vigentes. A partir desse momento, o documento se direciona para o pré-projeto e depois se divide em duas etapas para contemplar as necessidades hidrossanitárias e elétricas.

Estudo do terreno 

O sonho de construir uma casa própria do zero começa pela escolha do terreno. Nesse momento, o proprietário deve considerar quais são suas necessidades e desejos para definir o local em que seu imóvel será construído. Após a escolha, a equipe de engenharia entra em ação para entender o ponto de vista do dono e também realizar um estudo do terreno. 

O local recebe, então, visitas técnicas em que são avaliadas todas as suas características da área. Essa análise é importante, pois fornece ao engenheiro as informações que poderão impactar diretamente na construção do imóvel, como a topografia, níveis do solo, interferências naturais, vegetação, luminosidade, necessidades de drenagem, construções vizinhas, ação dos ventos e altura do lençol freático. 

Verificação de normas e legislações vigentes 

Com a análise do terreno em mãos, a equipe de engenharia precisa verificar as normas e legislações municipais vigentes. Todo projeto estrutural de instalações deve obedecer às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que regem as disciplinas do documento. 

Além disso, também é necessário considerar as legislações municipais vigentes. Cada cidade apresenta regras específicas que precisam ser respeitadas ao construir um novo imóvel. Com todas as informações em mãos, o engenheiro responsável reúne os dados, incluindo briefing do cliente, análise do terreno e as normativas, para começar a esboçar o projeto da obra. 

Pré-projeto 

Antes de começar a etapa dos projetos hidrossanitário e elétrico, a equipe de engenharia deverá iniciar um pré-projeto base. Nesse momento, são consideradas as necessidades de cada cômodo do imóvel, ponto de vista do arquiteto e os desafios a serem superados. 

Por se tratar de um documento que zela pela segurança da edificação, é comum que, ao decorrer do pré-projeto, arquiteto e engenheiro façam concessões para atender às necessidades da estrutura disponível. A partir desse ponto, o documento se divide em duas etapas para analisar as necessidades das instalações hidrossanitárias e elétricas. 

Projeto hidrossanitário 

O projeto hidrossanitário é aquele que contempla as tubulações para os sistemas de abastecimento de água e esgoto. Esse documento vai além da marcação de pontos de utilização de torneiras e chuveiros, ele também mapeia desde o sistema que envolve a água potável até o descarte de águas após o uso (efluentes) e das águas pluviais.

Durante a elaboração desse projeto, o engenheiro é direcionado a traçar as tubulações da propriedade para evitar desperdícios e mau cheiro. O documento é dividido conforme suas especificações, começando pelo projeto de água fria. 

Essa etapa mostra a distribuição de água fria do imóvel, com uso de elementos gráficos e informações técnicas para direcionar a localização de hidrômetros, registros, caixa d’água e colunas de distribuição. 

Já no projeto de água quente, são exibidas as tubulações que levam a água até o ponto de utilização, sendo uma rede separada da água fria. Essas instalações podem fornecer água quente para higiene no banheiro, uso na cozinha e até mesmo para lavagem de roupas. 

Outro aspecto importante é a representação dos reservatórios da propriedade. Nessa etapa a equipe considera o tipo de edificação, o padrão, a demanda de água com base no número de cômodos e a quantidade de usuários para definir os padrões de consumo que irão impactar no tamanho do reservatório. 

A etapa que trata da instalação de esgoto também é essencial. Essa parte do projeto é responsável por mostrar o caminho de coleta e a condução dos despejos oriundos dos aparelhos sanitários, compreendendo desde os pontos de utilização, como tanques e pias, até o despejo, que pode ser feito na rede de coleta pública ou em fossas sépticas. 

O projeto de esgoto, quando bem feito, ajuda a minimizar problemas causados por infiltrações, retornos e vazamentos. No entanto, é essencial que, mesmo após a realização da obra e durante o período de moradia no imóvel, o proprietário mantenha o contato com uma empresa desentupidora de esgoto para realizar manutenções preventivas e corretivas sempre que necessário.

Projeto elétrico 

Por fim, o projeto de instalações contempla a etapa elétrica. Nessa parte do documento, a equipe de engenharia detalha e dimensiona as instalações elétricas por meio de plantas, cálculos e elementos gráficos. É nesse momento que o proprietário consegue enxergar a distribuição de pontos de luz, tomadas e interruptores do imóvel. 

Essa localização é essencial para execução da obra, pois orienta e assegura os profissionais sobre a infraestrutura elétrica, também direcionando o dono da propriedade quanto à quantidade de materiais necessários para manter esse projeto. 

Para esboçar o projeto elétrico, o engenheiro primeiro avalia as necessidades dos usuários, compreendendo as práticas de consumo e exigências que demandaram de uma estrutura elétrica, como o posicionamento de determinada luminária ou do ar-condicionado. 

Além disso, os engenheiros também precisam ter em mente todos os equipamentos e eletrodomésticos que serão dispostos no imóvel, pois é necessária a verificação da voltagem e dos pinos das tomadas. 

A partir daí, todas as informações são analisadas pelo profissional e adicionadas ao projeto, contemplando as normas e legislações municipais para garantir a segurança dos moradores. 

É também durante esse processo que o engenheiro determina os percursos dos eletrodutos, terminais de energia, localização de quadros de distribuição de luz e de força, posição das caixas de passagem dos pavimentos, entre outros. 

Um projeto elétrico feito da forma correta proporciona ao morador mais segurança, ao reduzir as chances de curtos circuitos, economia, já que evitará gastos desnecessários, menos dores de cabeça com reformas e precisão na estimativa de gastos.



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