As especificidades do agronegócio dependem de fatores meteorológicos tanto quanto de fatores de assertividades de manejo, estas características, juntamente aos impactos das altas dos preços de insumos e aumentos nos preços de máquinas agrícolas e demais bens utilizados pelo produtor rural, colaboram para que o empresário rural seja cauteloso ao tomar suas decisões e proteger seu bem ativo, tornando seu negócio sustentável economicamente.

Se considerarmos o cenário agrícola brasileiro da safra 2021/2022, notamos que houve desde supersafra até frustração de safra, devido as avarias meteorológicas. E uma das formas de proteger o suor e trabalho empregado no campo, é contratar um seguro. O cenário de estiagem vivido no estado do Rio Grande do Sul, demonstrou que apenas entre janeiro e abril de 2022, cerca de R$ 2,47 bilhões de seguros foram acionados, número assustador perto da safra 2020/2021, onde foram acionados cerca de R$ 310 milhões. 

Considerando as altas probabilidades de ocorrência de sinistros, o produtor rural deveria contratar um serviço de seguro, devido os possíveis eventos meteorológicos, seja as geadas no inverno gaúcho, vendavais ou déficit hídrico, ou mesmo outros eventos de natureza catastrófica. No Brasil, o produtor rural tem a opção de aderir pelo programa do governo federal, PROAGRO - Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o qual garante liquidação de operações de crédito rural e custeio, quando há a ocorrência de eventos meteorológicos, ou, ataque pragas e doenças sem controle conhecido. A modalidade é disponível com um limite máximo de R$ 335 mil de cobertura por ano agrícola.

Ao ultrapassar este limite o produtor tem disponível o Seguro Rural, o qual conta com a modalidade de seguro agrícola, que trás coberturas para as explorações agrícolas, desde a emergência até a colheita da planta, com garantias principalmente nos fenômenos meteorológicos. Ao contratar o seguro é possível aderir ao PSR – Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, que tem por objetivo tornar o seguro rural mais acessível. A subvenção pode ser reivindicada por pessoas físicas e jurídicas que produzam as culturas contempladas pelo programa. O valor concedido varia de 20 a 40% do valor total contratado.

Apesar das diversas facilidades de contratação do seguro rural, não é aderido segundo o MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, por cerca de 80% das áreas agriculturáveis, se compararmos estes números com de países como Estados Unidos, que conta com cerca de 90% da sua área agriculturável cobertas por seguro rural, desta forma, vemos que o Brasil tem muito a evoluir, e claro, os Estados Unidos são país de primeiro mundo, mas no mundo do agronegócio, também somos.

Há diversos fatores que fazem com que o brasileiro não contrate seguros nas suas áreas, um deles é cultural, ele não vê um risco eminente, até que ele aconteça, vemos que as vezes há contratação do seguro para o automóvel, que é um bem passivo, e, não há o seguro para o seu ativo que está no campo, muitas vezes com um investimento alto, com financiamento, com juros e encargos. Quando falamos de um ano agrícola onde teve déficit hídrico, ouvimos que tinha previsões para tal fenômeno, mas mesmo assim o produtor cultiva seu produto, “torce” para que dê tudo certo, e acaba não fazendo seguro.

O seguro é tão importante que vai além de tranquilizar o produtor, mas ele tranquiliza as empresas de insumos, o comércio local e apesar de haver prejuízo dos produtos, que não serão produzidos caso ocorra o sinistro, acaba minimizando os danos econômicos em pequena, média e grande escala. Então, para preservar a saúde financeira de uma família, de um município, estado ou do país, é preciso que seja alterada a forma com que o brasileiro vê o seguro agrícola.

Por Marlon Vinicius da Rosa Sarturi

Engenheiro Agrônomo

Mestrando em Sistemas Ambientais – Unijuí

Consultor de Seguros – Eickhoff Corretora de Seguros

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