Vida x morte â?? a cartada de Bolsonaro
Em uma reflexão rápida sobre o discurso do cidadão que ocupa o Palácio do Planalto atualmente, a primeira coisa que me ocorre â?? e creio que a grande parte da população, é de que há uma pessoa demente no mais importante posto da República.
Data da Publicação da Notícia : 25/03/2020 21:26 por
Sendo assim, nossos problemas políticos estariam a caminho de uma solução, pois sendo uma república e havendo um governante incapaz mentalmente, este seria afastado, para seu próprio bem, como para a felicidade geral da nação.
No entanto, embora sanidade mental não seja o ponto forte deste governante e seu séquito, eles não são meros loucos. Primeiro, conseguiram assumir a dianteira em um bem sucedido golpe institucional, que mesmo agora com fissuras, levou este grupo como onda ao poder. Segundo, ele vem sendo “eficiente” em seu serviço de destruir as instituições públicas do país, ao ponto que o Congresso Nacional, onde abundam outros como ele, agora nos parece uma instituição formada por pessoas mais razoáveis. Como “provas” do que digo, o Governo conseguiu aprovar a cruel re(de)forma da previdência, aprofundou medidas de destruição das leis trabalhistas, dando sequencia a re(de)forma de Temer e vem reduzindo drasticamente os recursos para as áreas sociais e implementando políticas de desmonte do estado, assim como fomento ao desemprego, para fragilizar os trabalhadores. Suas ações mais insanas, como ameaçar guerra com países vizinhos ou incidentes diplomáticos com grandes parceiros comerciais, foram parcialmente refreadas pelo congresso, o que nos deu certo alívio, embora nada que possamos nos fiar, pois este mesmo congresso (em sua maioria) é aliado do presidente nas questões econômicas. Em suma, louco de pedra o presidente não é, mas sim, é muito oportunista e fiel a seus empregadores, o capital financeiro internacional.
Então, em não sendo louco, porque faz um discurso aparentemente tão insano neste momento de pandemia do COVID-19, quando maciçamente os governantes do mundo adotam medidas que vão de prevenção ao contágio a um keynesianismo de guerra? Porque ele tira a importância da pandemia quando até mesmo governadores como Dória e Witzel (dois fascistas assumidos) ou o próprio ministro da Saúde do governo Federal recomendam e adotam medidas de isolamento social para combater a pandemia? De forma simplista, me parece que Bolsonaro faz todas as suas apostas na “falácia do historiador”.
O que seria isso? Há uma séria crise, a população está assustada, até mesmo algumas grandes empresas estão liberando seus funcionários, bem ou mal, as estratégias de combate ao COVID-19 irão dar resultado, o pior será evitado, se Bolsonaro for ignorado. Passado isto, restará uma das maiores crises econômicas da história, que não começou pela pandemia, mas será agravada por esta. A população, que por boa precaução, terá escapado dos maiores problemas causado pelo COVID-19, achará que foi um sacrifício inútil e, por supoesto, que o insano não era tão louco assim.
Ao meu ver, Bolsonaro não fala para o presente, fala para o futuro, ele conta com a vitória das pessoas sensatas hoje, mas com o esquecimento do povo amanhã, para dizer que estava certo. Ou seja, nossa luta vai muito longe, pois mesmo obtendo uma vitória que é salvar vidas do COVID-19 agora, vamos perder muitas nesta guerra contra o maior inimigo declarado que nosso país tem neste momento, que são os milicianos da família Bolsonaro.
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Fabio é Colunista, Economista, professor do IF Sul
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