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Ouvir para avançar: por que o futuro das cidades depende da união entre o poder público e o empresariado
Ouvir, dialogar e agir são os três pilares de um novo modelo de desenvolvimento municipal sustentável.
Data da Publicação da Notícia : 18/06/2025 10:58 por ML Assessoria de Comunicação LTDA

Arquivo pessoal

O futuro dos municípios brasileiros passa, inevitavelmente, pela capacidade de unir forças. Mais do que leis e tributos, mais do que obras e discursos, o desenvolvimento acontece quando quem governa tem a coragem de escutar e a humildade de dialogar com quem empreende.
Durante minha trajetória na administração pública e, agora, como vereador em Passo Fundo, percebo com ainda mais clareza o quanto essa parceria é vital. O empresário não pode ser visto apenas como contribuinte. Ele é agente de transformação, gerador de emprego, renda, inovação e oportunidades. Mas para que isso floresça, é preciso criar pontes e, não muros, entre o poder público e o setor produtivo.
Historicamente, essa relação foi marcada por distanciamento e burocracia. Em muitos municípios, falta institucionalidade no diálogo. Falta escuta ativa. E, principalmente, falta ação. O resultado? Decisões tomadas de cima para baixo, entraves à inovação e uma economia local que cresce menos do que poderia.
Nesse cenário, a questão tributária ocupa um lugar central. O sistema de tributos municipais ainda é, muitas vezes, um labirinto burocrático. Empresários não têm medo de pagar tributos. Eles possuem medo de não saber o que está sendo cobrado, por que está sendo cobrado, e o que será feito com aquilo. O que falta, muitas vezes, não é recurso, mas previsibilidade, coerência e escuta.
Por isso, é urgente reformular essa lógica. Precisamos de canais permanentes de diálogo entre o setor produtivo e o poder público. De gestores que visitem empresas, conversem com comerciantes, com indústrias e com pequenos empreendedores. Que transformem as dores relatadas, como a complexidade dos tributos, a morosidade na liberação de alvarás ou a insegurança jurídica, em políticas públicas efetivas. Quando o empresário vê que foi ouvido e que suas contribuições viraram soluções, nasce a confiança. E, com ela, um ambiente fértil para o crescimento coletivo.
Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, tem dado passos importantes nessa direção. Um exemplo simples é a atuação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que tem sido um canal direto entre o setor produtivo e o poder público. Por meio de escuta ativa e articulação com os empresários, a secretaria propõe soluções, constrói parcerias e transforma demandas em políticas públicas efetivas.
Foi dessa lógica de aproximação que surgiram iniciativas como o trevo do Distrito Industrial, em que o projeto foi contratado pelos empresários da região, e a obra está sendo custeada com recursos do município. Também destaco o “Café com Emprego”, que conecta empresas em busca de talentos com pessoas em busca de oportunidades, de forma ágil, humanizada e acessível. Outro bom exemplo é a “Escola das Profissões”, que capacita trabalhadores com foco nas demandas reais do mercado local, contribuindo diretamente para suprir uma das maiores dores do setor: a falta de mão de obra qualificada. Essas ações refletem um modelo de gestão pública baseado em escuta e planejamento.
Cidades inteligentes não são apenas feitas de sensores e aplicativos. São feitas de escuta, empatia, planejamento, com foco em resolver os problemas com criatividade e na desburocratização de processos. Tornar a cidade mais eficiente significa permitir que o empreendedor não perca dias com papeladas, que ele tenha segurança jurídica, que saiba exatamente o que está sendo cobrado e que veja no órgão público um parceiro, não um obstáculo.
O papel do vereador, nesse cenário, vai além da fiscalização ou proposição de leis. É ser elo. É institucionalizar o diálogo, articular soluções e lutar por uma cidade que se desenvolve com responsabilidade, inovação e inclusão. Também é acompanhar de perto como os tributos estão sendo utilizados, garantindo que retornem em forma de infraestrutura, qualificação e ambiente favorável ao empreendedorismo.
A mensagem é simples, mas poderosa: nenhum gestor público, nenhum empresário, nenhum cidadão constrói o futuro de um município sozinho. Só há avanço onde há união. E o futuro que queremos, com mais emprego, renda e qualidade de vida, começa com essa escuta qualificada.
O município que ouve seus empreendedores planta as sementes certas para colher desenvolvimento sustentável. E essa escuta, quando acompanhada de ação, inclusive no campo tributário, transforma cidades inteiras.
Por Felipe Manfroi - Administrador, com especialização em cidades inteligentes, além de vereador em Passo Fundo (RS).
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