Abrir uma empresa tem sido a realidade de muitos brasileiros nos últimos anos. Em 2023, o Brasil registrou a abertura de 859 mil micro e pequenas empresas, uma alta de 6,62% em relação ao ano anterior, quando foram criados 805,6 mil empreendimentos, segundo dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal do Brasil (RFB).

Entretanto, conforme pesquisas recentes do Sebrae, quase 50% dos pequenos negócios fecham suas portas antes mesmo de completar os dois primeiros anos. Para se destacar e alcançar longevidade no mercado, os pequenos negócios precisam de planejamento e estratégias, como a governança corporativa.

O termo é usado para se referir a um sistema pelo qual os negócios são dirigidos e controlados, englobando os processos que serão adotados na gestão e supervisão, como explica o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Além de melhora no planejamento, a estratégia também pode aumentar a confiança do mercado, impulsionar o crescimento e proteger a empresa contra riscos financeiros e legais por estar alinhada ao compliance. 

A importância da governança corporativa é evidente em empresas que estão começando ou que estão se estruturando no mercado. Isso porque, conforme explica o Sebrae, o conceito diz respeito a um modelo de gestão que busca encontrar as melhores práticas para administrar o negócio, minimizando os riscos de possíveis problemas.

O foco nesse sistema é gestão empresarial que envolve o trabalho da diretoria da empresa e os respectivos órgãos de controle. De acordo com o IBGC, a governança corporativa diz respeito a um sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre sócios, donos e setores de fiscalização.

Nas pequenas empresas, a governança corporativa contribui para a melhoria da eficiência operacional, o planejamento, a atração de investimentos e a promoção da sustentabilidade a longo prazo. 

Conforme o Sebrae, a governança corporativa tem como foco alcançar os melhores números de desempenho e um sistema que transmita confiança para os integrantes do negócio e para o público. Com isso, o conceito tem como seus princípios a transparência em todos os setores da empresa, a equidade para com os colaboradores e parceiros, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa com o sistema empresarial. 

Relação entre governança corporativa e compliance

Os princípios da governança corporativa estão alinhados com aspectos-base do compliance. De acordo com a Faculdade de Gestão e Inovação (FGI), os dois conceitos, apesar de diferentes, são processos conectados e complementares que se fortalecem.

Dessa forma, pequenas empresas que buscam entender como funciona o canal de denúncias para implementá-lo e evitar irregularidades, por exemplo, também estão garantindo a adoção de governança corporativa no seu dia a dia. 

Ambos os conceitos atravessam a ética corporativa, sendo essa um conjunto de condutas, valores e posicionamentos de uma organização perante a sociedade. Conforme a FGI, as pequenas empresas devem priorizar ambas conjuntamente, pois isolar esses modelos pode levar a ineficiência e a duplicação de esforços. 

A FGI aponta, ainda, que a governança define a posição da empresa em relação aos riscos, à ética e às práticas de negócios, enquanto o compliance incorpora essa atitude em relação às leis e aos regulamentos que abrangem o negócio.

As duas estratégias não apenas fortalecem a base operacional da empresa, como também aumentam a confiança dos diferentes públicos - consumidores, fornecedores, funcionários e investidores -, funcionam como um diferencial competitivo no mercado, protegem contra sanções e penalidades decorrentes do descumprimento da legislação e, assim, contribuem para a longevidade dos pequenos negócios.