Guerra entre Israel e Hamas completa um mês com mais de 11 mil mortos e sem fim à vista
Há um mês, Israel acordou com a pior tragédia de seus 75 anos de história. Foi então que começou o mês mais sangrento na vida dos 2,3 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza
Data da Publicação da Notícia : 07/11/2023 08:47 por Redação
A Faixa de Gaza nesta segunda-feira. EFE/MOHAMMED SABER
Jerusalém (EFE).- Um mês de guerra entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas resultou em mais de 11 mil mortos – 10.010 na Faixa de Gaza -, 241 reféns e milhares de soldados israelenses avançando no terreno dentro do enclave, cuja população sofre uma catástrofe humanitária sem precedentes e que parece não ter fim.
Há um mês, Israel acordou com a pior tragédia de seus 75 anos de história. Foi então que começou o mês mais sangrento na vida dos 2,3 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza.
Desde aquele fatídico 7 de outubro, quando milicianos do Hamas massacraram mais de 1.400 israelenses – a maioria civis – e fizeram mais de 240 reféns, a região mergulhou em um pesadelo cuja magnitude não pode ser medida em números.
Ao menos 10.010 palestinos foram mortos na Faixa de Gaza. Quase 30 mil pessoas ficaram feridas, somando com as mais de 5 mil em Israel. São cerca de 1,5 milhão de deslocados internos na Faixa de Gaza e 200 mil em solo israelense.
Números sem precedentes, mas que não expressam o que é transmitido pelas valas comuns lotadas de cadáveres na Faixa e pelos contêineres de corpos civis mutilados apodrecendo enquanto a perícia israelense ainda tenta identificá-los.
“Esse ataque terrorista representa um ponto de virada para Israel”, disse à Agência EFE Miri Eisin, que serviu por mais de 20 anos na inteligência militar israelense e dirige o Instituto Internacional de Contraterrorismo de Israel.
“O massacre nos mudou completamente, tanto na forma como vemos o Hamas quanto em nossa ação militar. Destruir as capacidades do Hamas é a única alternativa e isso significa uma campanha longa e difícil. Israel não passa por uma guerra total e em grande escala há 50 anos”, comentou.
Para destruir o Hamas e tirar o controle de Gaza, Israel não apenas bombardeou ferozmente o enclave por 31 dias seguidos, mas também introduziu um número significativo de tropas que, em menos de dez dias, já conseguiram cercar a estratégica Cidade de Gaza e dividir a Faixa entre norte e sul.
“Israel já admitiu que isso vai além da autodefesa”, declarou Tahani Mustafa, analista palestina do International Crisis Group, denunciando o fato de que “os palestinos continuam sendo tratados como um problema a ser resolvido e não como um povo com direitos e preocupações legítimos”.
Muitos desses direitos, advertem várias organizações internacionais, foram violados no último mês com os ataques incessantes à infraestrutura civil na Faixa de Gaza, incluindo escolas e hospitais, e o cerco de ferro imposto por Israel, que após o ataque do Hamas há um mês bloqueou a entrada de água, alimentos, eletricidade, suprimentos médicos e combustível, entre outros.
“Depois de um mês, parece que ninguém aprendeu nada, e aqueles que têm a oportunidade de colocar a situação de volta nos trilhos não parecem interessados em fazê-lo”, opinou Mustafa, que diz acreditar que a única coisa que a guerra deixou até agora foi “uma catástrofe humanitária gigantesca que distancia tanto o objetivo palestino de autodeterminação quanto o ideal israelense de segurança”.
A analista também destaca a dimensão regional do conflito, que ela descreve como “um ponto de virada no Oriente Médio”.
Ela se refere à disseminação da violência em Gaza para outras frentes, principalmente a fronteira entre Israel e o Líbano, onde mais de 80 pessoas foram mortas no último mês nas mais graves trocas de tiros desde a guerra com o grupo xiita libanês Hezbollah em 2006.
Isso foi agravado por uma série de ataques a Israel procedentes do Iêmen e por um aumento significativo da violência na Cisjordânia ocupada, que já estava passando pelo seu ano mais sangrento desde a Segunda Intifada (2000-2005) e onde mais de 150 palestinos e dois israelenses foram mortos desde 7 de outubro.
Perguntados sobre a possibilidade de uma cessação das hostilidades em curto prazo, os dois especialistas descartaram essa possibilidade.
“Para Israel, a ideia de um cessar-fogo é irrelevante, a única coisa que poderíamos considerar são as pausas humanitárias”, explicou Eisin, ao projetar que a guerra com o Hamas pode se arrastar por meses devido à decisão do Exército de atacar por terra em vez de “eliminar” a Faixa de Gaza pelo ar.
Mustafa, por sua vez, mencionou que o governo israelense, formado por partidos de direita, extrema direita e ultraortodoxos, não tem capacidade nem interesse em diminuir a escalada do conflito e está se aproveitando da situação para perseguir outros objetivos políticos. EFE
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