Mercados reagem negativamente à vitória de Javier Milei nas primárias argentinas
“A surpresa do resultado pode pressionar o mercado de câmbio e os mercados de renda fixa e variável”, indica uma análise da gestora de fundos SBS
Data da Publicação da Notícia : 15/08/2023 08:30 por Redação
AME639. BUENOS AIRES (ARGENTINA), 13/08/2023
Buenos Aires (EFE).- Os títulos soberanos argentinos cotados em Wall Street e em outros mercados internacionais reagiram negativamente nesta segunda-feira, com quedas próximas a 10% antes da abertura do mercado em Buenos Aires, à inesperada vitória do ultralibertário Javier Millei nas eleições primárias realizadas no domingo.
“A surpresa do resultado pode pressionar o mercado de câmbio e os mercados de renda fixa e variável”, indica uma análise da gestora de fundos SBS, ressaltando que isso já pode ser observado nos títulos globais argentinos nesta manhã.
Os títulos soberanos argentinos caíram até 9,7% “devido ao aumento da incerteza”, segundo alertou o relatório da SBS, após o inesperado resultado eleitoral das primárias neste domingo, nas quais Javier Milei obteve 30,04% dos votos (com 97,4% das urnas apuradas).
A Liberdade Avança, partido de Milei, foi o mais votado na prévia das eleições gerais de 22 de outubro, deixando a coligação de oposição Juntos pela Mudança (centro-direita) em segundo lugar, com 28,27%, na qual a ex-ministra da Segurança Patrícia Bullrich foi a escolhida para concorrer nos pleitos presidenciais.
Em terceiro lugar ficou a governista União pela Pátria (peronista), com 27,27% dos votos, que terá como seu representante na eleição presidencial o atual ministro da Economia, Sergio Massa.
O mercado reagiu negativamente porque Milei, durante a campanha, propôs dolarizar a economia argentina, apesar de alguns especialistas advertirem que esta medida é difícil de implementar devido à baixa quantidade de reservas internacionais.
A demanda por pesos é baixa na Argentina, de cerca de 12% do PIB, e o temor é que a proposta de dolarização torne a busca por dólares ainda maior.
Além disso, Milei propõe eliminar o Banco Central e “passar uma motosserra” nos gastos públicos de um país que sofre décadas de alta inflação, que subiu no último mês de junho para quase 116%.
A SBS acredita ainda que as propostas de Milei também podem pressionar as receitas soberanas em pesos.
“Poderemos avaliar melhor esta situação e o desempenho potencial de outras classes de ativos com o passar dos dias e as diferentes declarações de Milei e sua equipe, bem como dos funcionários do FMI (Fundo Monetário Internacional)”, afirmou a SBS, lembrando que a direção da organismo, com o qual o país tem uma dívida de US$ 45 bilhões, ainda não aprovou um desembolso de US$ 7,5 bilhões. EFE
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