Biden pedirá ao G7 veto quase total às exportações para Rússia
De acordo com a fonte, a guerra na Ucrânia será o foco da cúpula do G7 que será realizada em Hiroshima, no Japão, de 19 a 21 de maio
Data da Publicação da Notícia : 15/05/2023 15:37 por Redação
Joe Biden. EFE/Arquivo/Shawn Thew / POOL
Washington (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedirá aos líderes do G7 nesta semana para que imponham um veto quase total às exportações para a Rússia, disse à Agência EFE uma fonte familiarizada com as negociações.
De acordo com a fonte, a guerra na Ucrânia será o foco da cúpula do G7 que será realizada em Hiroshima, no Japão, de 19 a 21 de maio.
Concretamente, Biden quer mudar a forma como o Ocidente tem restringido até agora as suas exportações para a Rússia, a fim de eliminar as brechas que permitiram que o Kremlin continuasse tendo acesso a certos produtos através de outros países.
Em vez de restringir as exportações setor por setor, Biden quer que o G7 imponha um veto total às exportações para a Rússia e inclua exceções em áreas como agricultura, alimentação e materiais médicos, de modo a não prejudicar a população, disse a fonte.
Esta proposta, promovida por Washington para punir a Rússia pela guerra na Ucrânia, poderá enfrentar dificuldades na sua implementação dentro da União Europeia, uma vez que cada um dos 27 membros do bloco comunitário deve concordar com estas medidas.
De qualquer forma, se implementado, o veto teria um impacto profundo na economia russa.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, o Ocidente impôs restrições à exportação para a Rússia de artigos de luxo e materiais que poderiam ser utilizados na guerra. Além disso, o G7 concordou em não comprar petróleo russo transportado por via marítima quando o seu preço superar US$ 60 por barril.
No entanto, apesar destas restrições, o G7 continua exportando mensalmente para a Rússia produtos avaliados em US$ 4,7 bilhões, principalmente químicos, medicamentos, alimentos e maquinaria, de acordo com o think tank americano The Atlantic Council.
Se o veto for aplicado, as exportações para a Rússia cairão 67%, para apenas US$ 1,5 bilhão por mês, segundo a mesma instituição. No entanto, as conversas prosseguem e a proposta dos EUA poderá ser alterada para acalmar as dúvidas não só de alguns países da UE, mas também do Japão, que tem sido cauteloso em relação à Rússia devido à sua dependência do petróleo e do gás natural russos.
Influência da China no mundo
Apesar de a Rússia ser um dos principais protagonistas da cúpula, a rivalidade entre Estados Unidos e China também terá um lugar de destaque.
Um funcionário americano disse à Agência EFE que Biden planeja fazer anúncios importantes relacionados com o grande plano de infraestruturas lançado pelo G7 na sua cúpula do ano passado na Alemanha, conhecido como Parceria para Infraestrutura e Investimento Global.
Através desse plano, o G7 se comprometeu a mobilizar US$ 600 bilhões em cinco anos para se contrapor ao megaprojeto chinês “Uma Faixa, Uma Rota”, lançado em 2013 pelo presidente chinês, Xi Jinping, com o objetivo de expandir a influência da China em todo o mundo através de investimentos em infraestruturas e telecomunicações.
Até o momento, o plano do G7 não registrou progressos significativos. No entanto, na sua reunião de abril, no Japão, os ministros das Relações Exteriores do grupo manifestaram a intenção de impulsionar o programa do G7 com um maior investimento em áreas como energia, transportes e saúde.
Espera-se agora que Biden faça anúncios importantes durante a cúpula, disse o funcionário dos EUA.
Pontes para países em desenvolvimento
De acordo com a mesma fonte, Biden também vai aproveitar a cúpula do G7 para construir pontes com o chamado “Sul Global”, aproveitando a presença do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com outros líderes de países que não fazem parte do G7.
Biden pretende discutir com estes líderes as iniciativas do novo presidente do Banco Mundial (BM), o indiano-americano Ajay Banga, para ajudar os países em desenvolvimento a combater a pobreza e os efeitos da crise climática.
Banga foi eleito presidente do BM há apenas duas semanas com o apoio das economias emergentes e tomará posse em 2 de junho.
Por último, espera-se que Biden reitere o seu compromisso de trabalhar por um mundo sem armas nucleares, uma mensagem altamente simbólica dado que a cúpula se realiza em Hiroshima, uma das duas cidades bombardeadas pelos EUA em 1945 durante a Segunda Guerra Mundial.
Os EUA nunca pediram desculpas pelos bombardeios. Biden será o segundo presidente dos EUA a visitar Hiroshima, depois da visita de Barack Obama em 2016 (2009-2017), cujo abraço a um sobrevivente da tragédia se tornou um símbolo de reconciliação entre os dois países. EFE
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