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ARTIGO - Compraram a Corsan com dinheiro nosso

Entregar quase de graça um patrimônio construído ao longo de 50 anos com os recursos de todos os gaúchos por R$ 4 bilhões foi um escárnio



Data da Publicação da Notícia : 21/12/2022 16:11 por Redação

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Assessoria de Imprensa

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A venda da Corsan evidencia três realidades dolorosas para a cidadania e a soberania. Venda de patrimônio público muito abaixo do seu valor, a compra desse patrimônio por empresas privadas com dinheiro público tomado de um banco do povo (BNDES) e tratar a água como mercadoria, sendo um direito humano básico que deve ser garantido e preservado pelo poder público.

PRIVATIZAÇÃO DA CORSAN - “Vamos anular esse leilão”, diz presidente do Sindiágua

Grupo Aegea vence leilão da Corsan

Entregar quase de graça um patrimônio construído ao longo de 50 anos com os recursos de todos os gaúchos por R$ 4 bilhões foi um escárnio. Um escárnio celebrado por uma série de discursos entreguistas, mentirosos, ufanistas e de compadrios. Para arrematar a Corsan apareceu apenas uma empresa: a Aegea. Nosso sindicato registrou, em cartório, o nome da empresa vencedora, quatro dias antes do leilão, por conhecer os bastidores de combinações para que fosse favorecida.

De um lado o preço pífio, de outro, a empresa privada que arrematou a Corsan tomou R$ 19 bilhões (sim BILHÕES) de empréstimo do BNDES nesta semana. O segundo maior da história do BNDES.

Os diretores da Aegea declararam após o leilão que investirão R$ 16 bilhões na empresa adquirida (só a arrecadação prevista para os próximos 20 anos da Corsan é de em torno de R$ 120 bilhões, números de outubro/22). Somado a este valor, mais os R$ 4 bilhões da compra da Corsan, é praticamente o valor tomado emprestado do banco público federal. Ou seja: de um lado o governo gaúcho rebaixou o valor da empresa. Do outro, o governo federal “emprestou” o dinheiro para a empresa privada “comprar” a estatal. Dinheiro público de todos os lados que irá para o bolso da iniciativa privada e quem vai pagar a conta é a população gaúcha e brasileira.

A gaúcha vai pagar mais, claro. Porque a tarifa vai aumentar e o serviço vai piorar. Já temos os traumáticos exemplos da CEEE-D, vendida a troco de banana, com péssimos serviços e faltas de luz. Os jornalistas presentes na coletiva após a venda da estatal gaúcha insistiram na pergunta da alta das tarifas após a venda. E apenas se confirma o que já sabemos. “A revisão tarifária deve incorporar os investimentos da empresa”, declarou Roberto Barbutti, atual presidente da Corsan, contratado pelo governador Eduardo Leite para liquidar a estatal.

O presidente do BNDES, Gustavo Montesano, presente no leilão na Bolsa de Valores em São Paulo, agradeceu ao ministro Paulo Guedes e ao presidente Jair Bolsonaro pelo feito de mais uma entrega de patrimônio público a empresas privadas por valores de compadre.

De todos os lados, tudo o que vemos é o óbvio: a busca pelo lucro máximo privado disfarçado de “universalização do saneamento”, balela pra boi dormir. Desde quando o mercado tem interesse em levar bons serviços à população mais necessitada por preços justos ou mesmo com tarifas sociais?

O que vivemos neste dia 20 de dezembro foi um escárnio na véspera de terminar o ano e de mudar um governo federal que pode, a partir de janeiro, limitar a entrega do patrimônio público por bagatela, num serviço que é direito humano essencial. E mudar os rumos de um banco fundamental para estimular o país e não servir para emprestar nosso dinheiro para arrebentar a cidadania.

Como entidade sindical preocupada com o bem-estar dos servidores da Corsan, mas centralmente dedicada a garantir água de qualidade e serviços de captação e tratamento de esgoto, estamos empenhados em anular o leilão.

Nossas ofensivas judiciais têm dado resultados e irão avançar. Está garantido que o contrato de venda não pode ser assinado entre Governo do Estado e a Aegea até o julgamento de mérito de várias ações que estão em diferentes instâncias judiciais.

Há muita água a correr por debaixo da ponte. E seguimos lutando para que esta água seja pública e de qualidade.



Arilson Wünsch

Presidente do Sindiágua/RS

 


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