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Seminário sinaliza preocupação com cenário econômico em 2022

Ano eleitoral demonstra polarização nas intenções de voto. Falta de controle no teto de gastos e inflação alta são entraves para o crescimento em um momento de economia estagnada, dizem especialistas



Data da Publicação da Notícia : 17/12/2021 16:15 por DINO

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"Estamos preocupados com o crescimento em 2022. Temos dificuldade de encontrar indicadores positivos para a economia". Esta é a observação de Leonardo Porto, Economista-Chefe para o Brasil do Citi Economic Research, durante palestra no fórum virtual "Eleição presidencial brasileira de 2022: cenários econômicos e políticos", realizado no dia 15 de outubro, com transmissão via Zoom. Continuando suas considerações, Leonardo apontou PIB negativo para o ano que vem e preocupação com problemas de abastecimento, crise hídrica e de energia. Tem ainda a ameaça da ômicron, nova variante do coronavírus. "A economia está estagnada, há uma possibilidade remota de crescimento do PIB de 1,3%, mas para isso é preciso estabilidade fiscal. Pelo menos, o setor industrial pode apresentar um crescimento acima do esperado", afirmou. O evento, realizado pela Brazil-Florida Business Council, Inc. (BFBC), organização sem fins lucrativos voltada para o fomento dos negócios entre Brasil e EUA, teve a mediação de Lisa Schineller, Diretora Administrativa e Analista Líder de Classificações Globais da Standard & Poors. Ela pontuou a recuperação lenta da economia. Economista para o Brasil da Bloomberg Economics, Adriana Dupita, resumiu o cenário atual. "O Brasil teve uma recuperação rápida com o uso do auxílio emergencial, que aumentou a renda da população. A partir do momento que esse auxílio diminuiu, voltamos ao cenário pré-pandemia. A pandemia do coronavírus destruiu inúmeras vidas. Além disso, temos um alto índice de desemprego e muitos estudantes fora das escolas. O impacto de tudo isso deixou o país mais enfraquecido. São inúmeras incertezas tributárias e financeiras e também grande incerteza no cenário internacional", detalhou. Fernando Honorato Barbosa, Economista-Chefe do Bradesco, acrescentou: "esperamos que o ômicron não nos afete muito fortemente. Temos um semestre todo sofrendo restrições. Mesmo assim, as empresas apresentam menos endividamento. De toda maneira, acreditamos em um baixo nível do PIB para o ano que vem". Panorama eleitoral para o ano que vem Chris Garman, Diretor Administrativo para as Américas da Eurasia Group, comentou o cenário eleitoral esperado em 2022. "Temos dois candidatos aparecendo como favoritos, com perfis extremamente diferentes. Quando escuto as previsões, esse não é um ano muito especial para apontar quem ganha a eleição. Se comparamos dados de mais de 300 eleições no Brasil nos últimos 35 anos, eles demonstram que, para que o atual presidente possa se reeleger, ele precisa apresentar uma taxa de aprovação maior que 40%, mas o ambiente é difícil e a possibilidade de um segundo mandato é muito menor. Temos inflação e taxas de juros elevados, que aumentam a desaprovação do governo. O Lula promoveu melhoras de renda e emprego no seu governo. Temos que ver que modelo de campanha ele vai adotar. Um terceiro candidato, uma terceira via, abriria mais possibilidades no cenário eleitoral", ressaltou. Lisa Schineller questionou sobre os desafios da inflação alta, que é um fenômeno global. Fernando apontou que o Brasil tem um histórico de inflação. "A desvalorização do câmbio é resultante do déficit fiscal. Vejo que o Banco Central é um dos mais rigorosos do mundo, ele vai continuar com o mesmo posicionamento (aumento da taxa de juros). A discussão sobre a aprovação dos precatórios e os gastos fiscais não colocam o cenário sob controle". Em relação à inflação, Leonardo Porto ainda complementou que "teremos problemas com os preços das commodities e na cadeia de produção, que influenciam o índice inflacionário". Adriana Dupita mostrou uma visão pessimista em relação ao que pode acontecer em 2022. "O BC não vai conseguir atingir as metas, pelo segundo ano consecutivo. No meio da recessão, a taxa de câmbio é excessiva na comparação com o resto da América Latina. Quando podíamos exportar commodities, somos inconsistentes na política fiscal, o que acabou tornando os preços das commodities mais elevados. Precisamos de liquidez internacional", explicou. Para Chris, é importante separar a expectativa do mercado e como a política vai lidar com esse aspecto do aumento de gastos. No aspecto político, o processo é tumultuado como em 2016. "Não há gestão fiscal, nem controle do teto de gastos e é necessária a reforma da previdência. Um conflito de teto de gastos gera expectativas negativas", avaliou. Adriana Dupita ainda apontou que há uma demanda social grande. "Não é possível continuar sacrificando a população, existe muita fome e pobreza, e a pandemia piorou a situação. Parte da responsabilidade é dos políticos. Para prover sustentabilidade do mercado, acredito que o novo governo vai aumentar impostos e a CPMF pode voltar", referenciou. Para Chris Garman, se a reforma tributária for feita, há uma possibilidade de sucesso. "A má noticia são os problemas no meio ambiente e como baixar os gastos públicos. Também é preciso pensar que, em um mundo de transformação tecnológica, como nos alinharmos em nível global, se estamos num processo de estagnação econômica", disse. Adriana Dupita acenou que a agenda ESG deveria ser promovida e mais proativa, para atrair mais investimentos. "É preciso ainda pensar na educação e fazer propostas para ampliar a transformação digital", destacou.




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